sábado, 17 de outubro de 2015

Valores como uma Terceira Categoria de Objetos - Miguel Reale

"Em geral, os autores não admitem senão as esferas de objetos ou de determinações da realidade, até agora vistas, ou seja, os objetos naturais (reais) e os objetos ideais, porque incluem entre estes também os valores. Entendemos, contudo, que estes devem constituir uma terceira esfera fundamental, o que constitui, pensamos nós, relevante alteração na tradicional Teoria dos Objetos."

Miguel Reale - Filosofia do Direito pp.187










Davi - Miguel Ângelo / Museu de Florença ¨ Itália
"Enquanto os objetos ideais valem, independentemente do que ocorre no espaço e no tempo, os valores só se concebem em função de algo existente, ou seja, as coisas valiosas. Além disso, os objetos ideais são quantificáveis; os valores não admitem qualquer possibilidade de quantificação. Não podemos dizer que o Davi de Miguel Ângelo valha cinco ou dez vezes mais que o Davi de Bernini. Não se trata, pois, de mera falta de temporalidade e espacialidade, mas, ao contrário, de uma impossibilidade absoluta de mensuração."


Definição e Conceito de Valor

"Deveríamos, à primeira vista, ter começado por uma definição do que seja valor. Na realidade, porém, há impossibilidade de defini-lo segundo as exigências lógico-formais de gênero próximo e de diferença específica. Nesse sentido, legítimo que fosse o propósito de uma definição rigorosa, diríamos com Lotze (Rudolf Hermann Lotze - Bautzen, 21 de maio de 1817 — Berlim, 1 de julho de 1881, foi um filósofo e lógico alemão) que do valor se pode dizer apenas que vale.

O "ser" do valor é o "valer". Da mesma forma que dizemos que "ser é o que é", temos que dizer que o "valor é o que vale."

Por que isto ? Porque ser e valer são duas categorias fundamentais, duas posições primordiais do espírito perante a realidade. Ou vemos as coisas enquanto elas são, ou as vemos enquanto valem; e, porque valem, devem ser.

Ser e Dever Ser

A distinção entre Ser e Dever Ser é antiga na Filosofia, mas começa a ter importância mais acentuada a partir da Crítica da Razão Pura de Kant. É nesta obra capital que se estabelece, de maneira clara e com todo o peso de seu significado, a distinção entre ser e dever ser, entre Sein e Sollen (alemão).

Costumamos dizer, recorrendo a metáfora, que ser e dever ser são como que olho esquerdo e olho direito que, em conjunto, nos permitem "ver" a realidade, discriminando-a em suas regiões e estruturas, explicáveis segundo dois princípios fundamentais, que são o de causalidade e finalidade.





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