Com 23 anos, João Vítor concluiu o ensino superior em 2015, fez um intercâmbio
na Universidade de Lisboa Clássica, teve experiências longas de estágio durante
a graduação e teve várias experiências acadêmicas que contribuíram para um
curso bem feito do começo ao fim. O iDIREITO traz agora a experiência exitosa
de um estudante de direito e suas dicas para quem está começando e pra quem está concluindo o
curso. A entrevista foi online, com a colaboradora Amanda Negreiro Cavalcanti, através do aplicativo de mensagens via WhatsApp,
e todas as respostas foram enviadas via áudio. As respostas foram transcritas e colocadas aqui neste espaço com
exclusividade pra você!
JV: Primeiro gostaria de
agradecer a oportunidade de estar trocando estas experiências com vocês e com
as outras pessoas que irão ler a entrevista. Acho que essa troca de
experiências é muito importante de saber o que acontece, o que as pessoas já
passaram, pra copiar o que foi de bom, e pra não fazer o que foi de ruim.
Meu nome é João Vítor, terminando o 10º período
de Direito na Universidade Católica em Pernambuco, fiz um intercambio para o
Universidade de Lisboa Clássica, já estou na 2ª experiência de estágio,
experiências longas de mais de 1 ano, e todas na área de Direito Público onde
pretendo advogar e estou num escritório. Porém irei me prolongar ao longo da
entrevista cada ponto deste.
iD 1:
Muitos estudantes comentam a dificuldade do final do
curso de Direito, e nos parece que uma grande maioria passa por estas
dificuldades. Comente.
JV: Muitos
falam que o final do curso é complicado e que existem várias dificuldades. Acho
que final de curso (essa áurea que final de curso é mais complicada) é devido a
3 fatores: primeiro, a questão da monografia que é feita no final do curso;
segundo a OAB que também é feita no final do curso a partir do 9º período; e a
questão da própria busca e incertezas profissionais. Então acho que quando junta os três elementos: a OAB, a monografia e a
dúvida do que acontecerá daqui pra frente é motivo suficiente para causar
vários conflitos na cabeça das pessoas que estão se formando assim como eu.
E aí eu brinco que são algumas fases que a pessoa passa na vida: primeiro a
grande mudança é do 3º ano para a faculdade, que já é um impacto forte onde é
completamente diferente do que a pessoa está acostumada (que é da escola para a
universidade) e segundo que é da universidade para o mundo real, digamos assim.
Que é realmente o trabalho, o dia a dia, o mercado de trabalho e as
complicações que estão a nossa porta todos os dias. Então essa questão do final
do curso são por esses motivos.
O
que eu acho: que na verdade, quando
existe planejamento em tudo que se faça na vida (não é que as coisas fiquem
mais fáceis), mas as coisas ficam mais organizadas e por ficarem mais
organizadas, a execução se dará de um modo menos doloroso. Não é que fique mais fácil.
Então nesse final de curso, passei realmente um momento muito corrido pra mim
por que já estava no escritório, às 8h já estava advogando, passava muito tempo
no escritório, mas sem a OAB ainda estava como se fosse um assistente jurídico,
mas já com responsabilidades de advogado, 8h no escritório tendo que estudar
para a OAB, tendo que estudar para as provas da faculdade, e tendo que fazer a
monografia. Então óbvio que fica
muito corrido, mas se a pessoa tiver foco e se organizar, não é impossível. É
tanto que eu consegui passar na OAB, consegui ser aprovado na monografia com
uma boa nota – então é possível. Eu acho que uma dica que eu dou é se
organizar, saber as possíveis
matérias que você irá abordar na monografia (isso ajuda muito), se possível as
matérias que você mais gostou ao longo do curso, que você gosta de estudar, que
você tem facilidade de estudar, ou alguma matéria que você veja na sua
experiência de estágio (e aí você traz uma experiência prática para a
questão acadêmica) – exemplo: você vê muito no seu escritório um tipo de ação
de direito tributário; então você coloca ali falando ali sobre a
inconstitucionalidade ou a constitucionalidade de tal lei que aborda nesta ação
de direito tributário... Enfim: a
monografia não pode ser uma coisa que se torne um problema pra você. A
monografia tem que ser algo que você consiga fazer, ter certo fluxo para
escrever, pesquisar. Então quando você tem um domínio disso já melhora muito.
No meu caso eu me aproveitei do meu projeto de iniciação científica que foi uma
pesquisa jurídica que eu realizei sob orientação de um professor na minha
universidade, junto com um grupo de pesquisa com outros alunos, então eu
aproveitei esse projeto de pesquisa que eu já tinha e adaptei esse projeto de
pesquisa reinserindo novas coisas e um novo tema a esta perspectiva da
monografia no final do curso. Então acabou que não ficou tão pesado por causa
dessa facilidade, ou seja: eu usei um tema que eu já conhecia, já estava
acostumado a pesquisar, que eu já tinha lido muita coisa, então ficou mais
tranquilo em função disso. A questão da OAB vamos tratar mais à frente, mas
realmente é isso: saber dividir os tempos. Você já está as 8h no escritório,
passa 4 a 6h no escritório, então você otimizar os seus horários de forma a
poder estudar para a OAB, estudar para as provas da faculdade e ainda fazer a
monografia. Final de semana fica quase uma concessão. Mas acredito que se a pessoa se organizar é possível sim manter uma
organização. Não deixar a faculdade acumular, não digo nem para ser assim
anular a vida e só estudar: não, por que nada em excesso é bom. Mas uma boa
base ao longo da faculdade é fundamental para que você chegue ao final do curso
sem desespero. Por que muita gente não estuda os 5 anos de curso,
quando chega no final do curso quer fazer 5 anos em 1, 2 ou 3 meses estudando
para a OAB e pretendendo passar para a OAB: não é assim. Então você que fez uma
base, que estudou bem ao longo dos 5 anos de curso, pode não ser um profundo
conhecedor em todas as matérias (por que ninguém é), mas conseguir criar uma
cultura jurídica mais ou menos com o limite das matérias e ter um certo
conhecimento em relação a todas as matérias então acredito que também chega a
ser uma dificuldade a OAB também nesta perspectiva. Óbvio que ficará muito
corrido por que as coisas são muito intensas no final do curso, mas aí cabe a
você descentralizar estas coisas: já ir pensando num tema de monografia cedo,
num tema que lhe apetece. É mais ou menos por aí.
iD 2:
Para finalizar o tema, enquete pessoal para o blog:
é mais fácil passar na OAB do que enfrentar o final do curso? E por quê?
É
mais fácil passar na OAB do que o final do curso? São questões complementares.
Eu acho que quem pensa no final do curso é inerente que se pense também na OAB.
Então termina que quantificar situações diferentes é mais complicado. Mas eu
acho que tanto a OAB quanto o final do curso são situações inerentes ao curso
do direito: coisas que já sabe que existem, que já se espera no final. Então é
criar métodos de otimizar esse final de curso, otimizar e criar uma boa
estratégia para a prova da OAB. Realmente é bolar estratégias e bolar uma
saídas de realizar o máximo dos objetivos e da melhor forma possível.
Obviamente que se tiver de quantificar em grau de dificuldade acho que a OAB
termina sendo mais complicada pela questão psicológica que envolve. O final do
curso não tem tanta a questão psicológica, e a OAB envolve muito a questão
psicológica. Então é por aí. São graus de dificuldade diferentes, por se
tratarem de situações diferentes.
iD 3:
Você chegou a realizar estágios extracurriculares
durante a faculdade? Se sim, em qual? Se mais de um, favor lista-los.
Primeiramente:
comecei a estagiar muito cedo. Muita gente dizia que “Não João Vítor, não vá
estagiar tão cedo que vai comprometer os estudos”, e acho que não comprometeu.
Foi muito importante por que na medida que você começa a estagiar mais cedo
você larga na frente. Então quando você tiver no 8º, 9º período você já está
praticamente formado como profissional. É o que eu digo: ninguém dorme bacharel
e acorda advogado. Ninguém faz uma prova e acorda no outro dia como advogado.
Você constrói a sua carreira. Então na medida que você começa cedo, você já tem
um diferencial ante as outras pessoas. Então o fato de eu ter começado muito
cedo a estagiar, no 2º período do curso, foi muito importante pra isso. Não
sei, muita gente vai dizer que não é o mais aconselhável. Mas depende muito de
pessoa para pessoa e não podemos acreditar em saídas prontas para tudo. Para
mim funcionou muito bem. Pode ser que para mim funcione ou não funcione. Irá
depender de cada caso, se vale ou não vale a pena começar a estagiar cedo. Minha
primeira experiência de estágio foi no escritório “Limongi Sial & Reynaldo
Alves” escritório do atual presidente da ordem, Dr. Pedro Henrique Braga
Reinaldo Alves, o qual tive o prazer e a honra de trabalhar e estagiar
diretamente com ele no núcleo de direito público e foi aí que realmente
despertou o meu interesse para a área que permanece até hoje meu interesse de
advocacia. Gostei muito da experiência por ser num escritório sério onde pensam
muito nas pessoas e profissionais. Considero o Dr. Pedro um cara fantástico. Um
cara que é muito inteligente e tem muito o que ensinar. E a gente percebe que
muitos donos dos grandes escritórios não são mais advogados, são empresários.
Estão mais preocupados com a questão comercial dos clientes: se estão pagando
em dia, se não estão pagando, enfim, fazem a parte comercial. E Dr. Pedro além
de fazer também a parte comercial, ele realmente militava na parte da
advocacia: ia para o fórum, fazia peças, enfim. E isso é Fantástico. Também é
procurador do Estado. Nesse último triênio também foi presidente da Ordem.
Então foi uma experiência muito boa. E aí vocês vão me perguntar: poxa JV, se
foi uma experiência muito boa, por que você saiu? Foi o seguinte: eu estava na
época no 6º período ou mais, passei por volta de 2 anos por lá, e aí eu percebi
que eu estava no meio do curso e não tinha feito algumas experiências
acadêmicas nas quais eu sentia vontade e até necessidade de fazer. Quais eram
elas: era o PIBIC, que é a pesquisa cientifica, e a monitoria. Então o PIBIC eu
já tinha passado na seleção e na prova do PIBIC, já estava fazendo o PIBIC, e
demanda muito estudo, muita leitura, muita reunião semanal com os professores
para fazer pesquisa jurídica. Então era um tempo que eu tinha no final de
semana pra estudar para a faculdade, para o lazer e para estudar para as coisas
do PIBIC. E durante a semana assistir aula, escritório. Então como eram várias
atividades começou a pesar. Então eu pensei: se eu não fizer as atividades
acadêmicas agora que já estou na metade do curso, já que a primeira parte do
curso eu estava mais dedicado às atividades mais práticas relacionadas a
estágio, eu não vou fazer mais nunca – por que no final do curso a tendência é
voltar ainda mais as questões práticas do direito. Então naquela hora eu já
sabia que deveria ter estas experiências. Já estava no PIBIC e também tinha
muita vontade de fazer a monitoria na católica, que é muito forte. A católica
tem uma tradição muito forte em sua monitoria: tanto de os monitores serem
professores e se tornarem professores na casa, é uma política bem interessante.
Inclusive com os meus professores dos quais eu atuei como monitor, eles já
estudaram na católica e já tinham sido monitores na cadeira de Direito
Constitucional também. Então foi bem interessante. Foi o seguinte: eu tinha
primeiro que sair do escritório para poder estudar e depois passar na seleção da
monitoria. Por que são duas fases: uma fase teórica e escrita, e outra fase
oral com uma banca composta de 3 professores e eu teria que defender um tema sorteado
24 horas antes. Então esse era o meu grande problema: eu no escritório não
teria tempo de estudar para passar na monitoria, e não teria tempo para associar
monitoria, escritório e o PIBIC. Então esta foi a minha primeira atitude ousada
dentro da faculdade (a primeira de algumas): dentro de um grande escritório, um
bom escritório, integrado a equipe, com grandes chances de continuar integrando
a equipe após me formar, e aí eu pedir pra sair para ter essa experiência na
monitoria. E aí eu sai, passei na monitoria, fui 1 ano monitor de excelentes professores
de direito constitucional na católica, e a experiência foi excelente. Para o
escritório “Limongi Sial & Reynaldo Alves” eu só tenho agradecer, que eu
acho que foi onde eu comecei a me formar como profissional na área jurídica
então eles foram importantes, Dr. Pedro Henrique e Dra. Ana Priscila que era minha
coordenadora direta, e então foi uma experiência maravilhosa e eu só tenho a
agradecer.
Minha
segunda experiência também passa pela questão do intercambio, que eu vou tratar
mais aprofundado lá na frente. Mas a segunda experiência que é o escritório que
eu estou hoje, minha relação com o escritório começou em 2013: quando eu
terminei a monitoria e o PIBIC eu senti a vontade de voltar a estagiar. E a
partir daí eu comecei a procurar os lugares que eu iria estagiar. Na verdade eu não estava atrás de um
simples estágio. Estava atrás de um lugar que tivesse o meu perfil como
estagiário. Eu criei um perfil de escritório no qual eu queria estagiar.
Não queria estagiar em qualquer escritório. Eu queria estagiar num escritório
que tivesse o perfil que eu queria: que tratasse de direito público, que não
fosse um escritório tão grande, que eu pudesse ter ascensão na carreira.
Encontrei o escritório, que é o Moacir Guimarães, que é um escritório exclusivo
para direito tributário. Em 2013. E aí fiquei no escritório e passei por volta
de 8 meses. Tive a oportunidade do intercambio, fiz a viagem, quando retornei
voltei ao escritório e estou aqui até hoje e estou gostando muito. Foi
novamente uma experiência maravilhosa com pessoas que colaboraram muito. Hoje
já me sinto muito mais preparado, melhorado e aperfeiçoado como profissional. Tenho
um longo caminho de coisas a aprender pela frente. Nunca se sabe demais. Mas já
estou com confiança para atuar dentro do escritório e feliz, satisfeito por
estar no escritório. As duas experiências de estágio foram fantásticas. Foi uma
das melhores coisas que me aconteceu ao longo do curso. A pessoa tem que ter em
mente que se você está no estágio é obvio que você estuda um pouco menos. Mas
não quer dizer que a experiência do estágio não seja importante. A experiência
acadêmica é importantíssima, mas não é toda. O decurso do direito não consiste
apenas em partes teóricas. Então essa questão de estágio, de ir pra fórum, de despachar
os processos, de ver e ser visto, conhecer as pessoas, é muito importante e só
se adquire no estágio. É uma pena que muitas pessoas passam muito tempo sem
estagiar em escritório de advocacia que é muito importante. Vão estagiar em
órgãos públicos (que também é muito bom), mas não se aprende tanto como em
escritório de advocacia, a experiência não é tão ampla.
Os
estudos foi o que eu falei: fica um pouco mais complicado. Mas se você é
focado, se você aprende a se organizar melhor, usa mais o seu final de semana
(não precisa o final de semana todo). Umas duas horinhas no sábado, mais duas
horinhas no domingo, as coisas ficam melhor, e não é nada do outro mundo. Acho
que dá sim. Foram esses dois escritórios que eu estagiei e foi fantástica a
experiência. Em relação ao último escritório, a efetivação foi um movimento
natural. Quando as pessoas veem o seu trabalho, e gostam do seu trabalho. É
tanto que eu já fui convidado a voltar para o escritório quando voltei do
intercambio, então é uma prova que eles gostaram do trabalho que eu fazia. Então
nada mais natural do que você ser convidado a integrar o escritório após a
formatura do curso. Acho que é um caminho normal a percorrer-se. Acho que o
escritório que não tem esse perfil está equivocado, pois você acompanha o
profissional desde o começo, você forma o profissional, para depois que formar
esse profissional liberar esse profissional para o mercado e contratar outra
pessoa? Não. Você formou um profissional e quer
que esse profissional integre o seu quadro de funcionários. Não é só a questão
de formar talentos. É formar, procurar e reter os talentos. Formar bons
talentos. Procurar bons talentos para integrar o seu quadro e Manter os bons
talentos no seu quadro. Estou muito satisfeito no escritório. A tendência é
cada vez mais melhorar e assumir mais responsabilidades nas quais sei que posso
honrar e cumprir. Aproveitar para ralar e trabalhar muito, dar a carga, enquanto
somos jovens e aguentamos. Quem quer moleza não pode estar na nossa profissão. Isso de medo do futuro ou da quantidade de
profissionais não existe. Acho que bons profissionais serão sempre reconhecidos
pelo mercado. Principalmente com a quantidade de bons alunos que são
formados no mercado que sempre vão procurar concursos. Então nem sempre sobram
boas opções para advocacia. Então isso que a gente vê é um festival de
atrocidades e de maus advogados. Mas isso tem melhorado: hoje noto que bons
amigos e alunos tanto no aspecto teórico quanto no aspecto prático já estão
mudando isso. Estão pretendendo cada vez mais advogar. Estão procurando outras
experiências que talvez num concurso público não possam buscar.
O
fato ou o acontecimento que eu vivenciei no estágio na verdade não foi um fato
isolado mas foram uma sucessão de vários fatos que foi agora no escritório que
eu estou. Que foi realmente houve uma mudança na equipe. A equipe mudou
praticamente 50% do escritório. Houve uma oxigenada no escritório e eu pude
integrar uma equipe que não tinham pessoas novas no escritório. Se o escritório
mudou óbvio que tinha alguma coisa errada. Estava com pessoas antigas no
escritório. E eu consegui crescer nessa equipe: como profissional, como ser
humano, fazer boas amizades e consegui firmar laços fortes nessa equipe, mas
também fique muito feliz por que a equipe como um todo evoluiu. Era uma equipe
que por ter pessoas antigas era considerada uma equipe que não estava tão bem
por que boa parte saiu, mas foi uma surpresa por que através dessa oxigenação,
a equipe ficou muito boa e foi uma das melhores equipes dentro do escritório
onde conseguimos vários resultados bons para os nossos clientes. Evoluiu muito.
Concretizaram-se bons resultados. Acho que a gente mede o profissional pelos
resultados, não só pelo o que ele fala. Considero esse o meu primeiro bom e
grande resultado dentro da vida profissional, da vida real: que foi o crescimento
desta equipe que eu integrei, que eu cresci e fiz outras pessoas crescerem
também. Os próprios resultados práticos que tivemos. Um cliente específico que
cuidávamos foram três sentenças favoráveis para o cliente. É o ambiente que
estou até hoje. Atualmente cuidamos de clientes estratégicos do escritório. Ou seja:
pela importância do cliente ou pela importância da causa entre importância em
vários aspectos (subjetivos e objetivos), assim como aspectos financeiros
também. Os resultados sem dúvida virão e já estão sendo maravilhosos. Foi uma
grande experiência que me marcou bastante durante o curso. Outras experiências que
também foram muito marcantes: minha aprovação na passei na monitoria em
primeiro lugar; foi a apresentação do meu projeto de pesquisa, também fui muito
feliz nessa época; então são todas as conquistas vividas e por ser o momento
que eu estou vivenciando nessa época. Por que qualificar como uma só é difícil
pra mim.
iD 4:
Qual área do direito que você quer seguir e por quê?
Eu desde o começo do curso apresentei por questões
naturais uma proximidade muito forte com as matérias de direito publico. Não direito
público como um todo, mas algumas específicas, especialmente a parte de direito
constitucional, tributário, direito administrativo e a parte do próprio direito
processual civil. Então a área que eu vou seguir na advocacia é a área de
direito tributário, por que dentre as áreas de direito público que eu gosto é a
área que é mais rentável. Por exemplo a advocacia de direito constitucional não
é tão rentável a pessoa no começo de carreira (apesar de um dia querer seguir
nesta área). Ganham dinheiro os grandes advogados como o atual ministro Luiz
Roberto Barroso que foi advogado de grandes causas no STF. Mas no começo da
carreira o direito constitucional serve mais para embasar suas peças por que a
constituição realmente é a lei maior do que propriamente você trabalhar com
direito constitucional diretamente. É muito difícil um advogado no começo de
carreira trabalhar. Já o direito tributário não. É algo que no começo da
carreira você tem mais facilidade pra no começo da carreira poder ter acesso
para trabalhar. O direito tributário também tem uma parte ligada à
constitucional. Apesar do direito tributário brasileiro ser espaçado em
diversas leis nos temos dois lugares que carregam uma codificação maior: que é
o CTN – Código Tributário Nacional e a constituição (a parte de orçamento e a
parte fiscal). Tem tudo a ver a parte financeira também, assim como foi uma
questão de afinidade. Não é interessante entrar na faculdade já dizendo “vou
fazer isso ou vou fazer aquilo muito mais por uma questão financeira do que por
uma questão de aptidão”. Eu sou muito mais da época de que nós fazemos algo por
que gostamos. Não adianta você fazer algo por que apenas é rentável. O dinheiro
é uma consequência de um trabalho bem exercido, é consequência da qualidade, da
formação técnica, de ser reconhecido pelos seus pares. A preocupação não é uma
preocupação com o dinheiro. Busque o que você gosta. O que você gostar você vai
desempenhar com carinho e muito amor o dinheiro vai surgir.
iD 5: Você relaciona a área que quer seguir (escolha
pessoal) com a didática utilizada com algum professor específico?
Não relaciono diretamente a um professor específico.
Mas eu tenho a impressão que a parte de direito público na Católica, que é a
universidade que eu estudo, é muito boa. Então isso fez com que eu
desenvolvesse uma aptidão para área. Acredito que colabora. Mas é uma área que
eu sempre tive prazer. Por que o direito civil como vocês sabem são relações
entre particulares. O direito público é uma relação vertical, onde numa
extremidade vai estar o Estado (provavelmente na extremidade superior), e o
particular mais abaixo nessa relação mais a baixo. E eu sempre gostei de
direito público por que são mais questões metafísicas, que transcendem a
própria pessoalidade, o próprio privativo. Extrapola a barreira do privado, do
individual, a barreira do individualismo, o código antigo de 1916 também
chamado de código Beviláqua que tinha muito disso: de ser muito individualista,
patriarcal. Então a Constituição de 1988, o novo código civil de 2002 sofreu
muita influencia da Constituição – houve o que chamamos de constitucionalização
do direito civil. O direito constitucional tem essa beleza por que ele
transcende, irradia, reflete os seus efeitos por todo ordenamento jurídico,
então tem essa importância, esse “q” a mais, da mesma forma que o direito
tributário, por que sem orçamento, sem arrecadação não existe serviço público
nem Estado, o Estado só sobrevive por causa do direito tributário, então
transcende a barreira do individual, do direito privado. E a mesma coisa do
direito administrativo, do processo civil com a sua importância, que lhe dá
acesso ao gozo dos outros direitos. Tive professores excelentes e alguns me
marcaram: Alexandre Pimentel, juiz do Estado de PE, João Paulo Teixeira,
excelente professor de Constitucional, Gustado Ferreira Santos também da
católica e da Federal, Marlo Lamanca. Inclusive os três são bem ativos no
cenário do direito constitucional brasileiro. Estão trazendo essa experiência
deles pra cá onde a Católica conseguiu nota 05 do MEC e conseguiu agora
recentemente o 6º doutorado em direito do Nordeste. Tudo isso graças ao esforço
coletivo desses professores. Estou até pecando em não citar todos os bons
mestres que eu tive ao longo do curso.
iD 6: Durante o curso como foi sua relação com os
professores?
Posso dizer a vocês que minha relação foi a melhor
possível. Manter e nutrir uma boa relação com os professores é muito bom e
geralmente os professores são muito engajados e conectados com o mercado
profissional, mercado acadêmico, existindo várias ligações. É muito importante
se conectar com eles. É um referencial. Obvio que você terá a sua
independência, opiniões e convicções, não pode se anular em face do professor
ou de qualquer pessoa com humildade e de perceber quando seu argumento é
inferior aos outros dentro de um debate argumentativo, jurídico, dialético e
natural. Mas óbvio que é excelente ter uma boa relação com os professores, por
que isso lhe dá subsidio de no futuro você receber ajuda de alguma forma, é seu
networking, depois de 05 anos você será um colega de um professor seu. É tanto
que eu precisei de cartas de recomendação e tinham que ser professores que
tinham atuado comigo em algum projeto e eu pedi de 04 professores e isso foi
muito importante por que consegui dos 04. Me orgulho muito disso. Se não
tivesse desenvolvido uma boa relação com esses professores eu não teria acesso
a essas cartas e que inviabilizaria acesso a candidatura que eu estava
pretendendo. O professor não gosta do chamado “baba ovo”, em Portugal eles
chamam de “lambe botas”. O professor não gosta disso. Gosta de um aluno que
tenha personalidade, que queira buscar o saber, pelo contrário, gosta de uma
pessoa que seja contraponto ao seu ponto, por que a diferença é salutar dentro
de um ambiente acadêmico.
iD 7:
Como você considera que está o mercado para
advogados no Recife?
Eu tenho uma opinião bastante diferente e de algumas
pessoas que eu converso sobre o tema. Então aproveito aqui para fazer
conhecerem a minha opinião. Que é a seguinte: é nítido e notório que o mercado
jurídico está um mercado prima face de forma inicial muito saturado em função
da grande quantidade de cursos jurídicos que existem no Brasil e no estado de
PE. Alguns governos federais pra cá houve uma maciça mudança no paradigma educacional
brasileiro onde investiu-se muito na educação superior privada. Houve um “bum”
de universidades privadas, muitas vezes até com falta de qualidade, e com esse
“bum” houve um crescimento de pessoas que estavam cursando o curso superior, e
a causa disso é realmente o aumento do número de pessoas que fazem direito,
administração, etc. Vimos que aqui em PE houve isso com o curso de medicina,
que inicialmente eram duas, Federal de UPE, depois veio a FPS, depois veio a
Maurício de Nassau, depois a Católica e agora a AESO, ou sejam eram 2 e agora
já são 6, passando basicamente por um processo que o curso de direito também
passou. Óbvio que direito são muito mais. São em torno de 20 faculdades só na
região metropolitana salvo algum engano. De certo modo vemos que é uma
tendência geral, dentro dessa nova forma de organizar essa educação superior no
Brasil, e não podia ser diferente no direito. A minha opinião que eu disse que
contestava com algumas pessoas é de que os bons profissionais serão sempre
reconhecidos pelo mercado. Não tem como fugir dessa lógica. Bons profissionais
serão sempre reconhecidos pelo mercado. Fazer de tudo para ser o melhor ou
estar entre os melhores e aí sim não se preocupar com os outros. Quando fazemos
algo na nossa vida não temos que nos preocupar com os outros, tem que olhar
muito mais pra dentro de si e promover transformações dentro de si, e não com a
quantidade de pessoas. É bem verdade que o mercado realmente não está dos
melhores: quanto maior a oferta, menor o preço. Quanto menor a oferta, maior o
preço. Se tem muitos advogados o preço cai, se tem poucos o preço aumenta. Mas
ai entra no raciocínio que eu disse: os bons sempre terão o seu lugar e serão
sempre reconhecidos, não tem como fugir dessa regra. A preocupação é ter uma
formação técnica boa, ter um bom networking, participar dos eventos, ser conhecido
e se tornar conhecido que a oportunidades vão chegando naturalmente, não
precisa ser nada forçado.
iD 8:
Você considera que as oportunidades são para todas
as áreas?
De fato nós percebemos que algumas áreas estão um
pouco mais saturadas: direito civil, direito do trabalho. Mas não considero que
elas não estejam superlotadas. Advocacia é uma prestação de serviço. Você vai
prestar um serviço através de obrigação de meio. Você não vende o resultado. Você
vende o acesso. Você é um meio de acessar a justiça. Então nessa perspectiva de
prestação de serviço mesmo em áreas saturadas você tem que criar um produto,
uma prestação de serviço que seja diferenciada de tudo aquilo que já se
encontra no mercado. É difícil, mas caso você faz algo numa perspectiva
diferenciada você conquista espaço e será bem sucedido, dentro de uma outra
perspectiva que as outras pessoas não olhem. Exemplo: estou na área de direito
civil e presto o serviço de uma forma diferenciada, com alguma nova tese, com o
atendimento diferente, e aí sim serei bem sucedido, por que estou prestando o
serviço que todos prestam, mas de uma forma que nenhum presta. Pra quem não
quer correr o risco de entrar numa área já saturada e ter que quebrar a cabeça,
tem muitas áreas pouco exploradas como o direito da internet, o direito
virtual, que houve agora o novo marco da internet, o “fashion law” que é o direito da moda, o direito desportivo (com a
questão de clubes de futebol, atletas de alto rendimento), são áreas pouco exploradas.
Outros exemplos são o direito do petróleo, do gás, a questão de energias
renováveis, o direito da infraestrutura, urbanísticos, direito marítimo,
internacional, a parte de arbitragem são todas áreas muito boas. Tem várias
áreas a serem exploradas. Não quer dizer que as áreas saturadas são
“inexploráveis”. É difícil mas não é impossível. É só fazer diferente.
iD9:
Há diferença entre aqueles que estão fazendo um bom
curso para aqueles que estão levando o curso “com a barriga”?
Eu brinco dizendo que fazer um curso de direito e concluir
o curso de direito não é difícil. Agora você ser um bom advogado e ter um bom
conhecimento jurídico isso é muito difícil e leva muito tempo. São muitas
restrições. É muito tempo que você poderia estar curtindo ou aproveitando e
isso leva tempo. Ninguém dorme bacharel e acorda advogado. Não é o fato de você
passar na OAB que você se torna um advogado. Se tornar um bom advogado é uma
transformação perene. Após a OAB e após anos de advocacia você ainda é sempre
um jovem advogado. Nossa profissão sempre exige atualização, estudo, nós nunca
podemos achar que já sabemos depois ou achar que já sabemos muito. Quer seja da
área que você atua, quer seja de outras áreas. Então de fato existe sim
diferença entre uma pessoa que estuda e que leva com a barriga. Ambos se
formarão e ambos podem até passar na OAB, mas não terá qualidade. Quem não se
preparou fará 05 anos de curso em 03 meses. O que estudou terá base pra o resto
da vida, e a convicção de que você fez um bom curso, com a sensação de dever
cumprido e eu realmente pertenço a uma porcentagem pequena de pessoas que
entende o direito de uma forma mais ampla, entende as questões filosóficas que
carcam o direito, que extrapolam o dever ser que a gente vê no começo do curso
e que algumas pessoas terminam o curso sem ter aprendido, sem ter lido os
grandes clássicos.
iD10:
Quanto tempo você dedicou aos estudos e qual a
sistemática utilizada por você durante períodos de prova?
Primeiro eu sempre faço uma seleção natural elegia
algumas matérias que eu estudaria mais, e estudar mais significaria dizer que
eu pegaria livros melhores e em maior quantidade para estudar aquela matéria.
Por exemplo, se num semestre eu estivesse pagando direito penal, direito civil,
direito constitucional direito administrativo e direito tributário. Eu focava
em direito tributário, processo civil e em constitucional. Nesses que eu diria
que eu iria focar eu pegaria 2, 3, 4 livros e teria uma dedicação maior, ter um
conhecimento maior. Penal foi uma matéria que nunca me apeteceu, me desculpem
os penalistas, eu pegaria um livro bom, mas que não era o livro mais completo,
na maioria das vezes um manual, que consegui aprovar e ter boas notas mas não
me aprofundava. Nas matérias que eu gostava, eu me dedicava mais e pegava os
melhores livros, mais complexos e densos. Não tem como pegar todos os livros
densos e complexos de todas as matérias, mas friso que isso é uma questão bem
pessoal. Um livro menos denso tem 100 páginas. Um livro mais denso tem 300. Se
isso for multiplicado por 05, 06 matérias, realmente fica inviável ao longo do
semestre por que você tem outros afazeres. Dentro de uma sistemática Quanto ao
método de estudo sempre fui de estudar um pouco todos os dias. Aumenta a
exposição ao direito. Você não concentra o estudo do direito em 1 semana. Você
sempre esta tendo contato com o direito e irá fazer a diferença. A outra dica
também é nem sempre ler dos manuais.
iD11:
Existiu da sua parte alguma metodologia que
facilitou os estudos e a fixação de conteúdo?
Nesse aspecto não sou muito inovador. Não vou pela
linha de mapas mentais ou algo do tipo. Gosto de estudar pela leitura
acompanhada pelo grifamento. Para onde eu vou eu sempre vou com algum livro.
Sempre tem algum livro jurídico ou não jurídico dentro do carro. Vou pra uma
fila de banco eu posso estar lendo. Sempre que tiver oportunidade estarei lendo
sem desperdiçar tempo. Não tem metodologia, só leitura, grifamento e relendo o
que foi grifado por que economiza tempo. Já li algumas reportagens
interessantes onde o melhor método para se apresente é resolvendo questões.
Tenho o hábito também de me explicar. Me dou uma explicação mental sobre o que
eu li ou sobre o que u ouvi. Rememoro aquilo ali dando uma aula pra mim mesmo
como método para fixar. Quando assisto aulas tenho a preocupação de escrever,
sempre anoto – haja mão, tinta e caneta pra escrever. O fato de escrever você
fixa, guarda, você pode ler depois. Mas é sempre bom lembrar que numa aula tem
sempre tempo de prestar atenção e de escrever. É muito mais importante você
escrever o que você entendeu da aula do que virar um mero copiador. Sempre
tendo esse cuidado.
iD12:
Existiu alguma dificuldade específica da turma que
você se formou (da maioria dos alunos) que você gostaria de compartilhar
conosco?
De fato não consigo me recordar agora de uma
dificuldade específica. Só a organização do final do curso que você tem que se
preocupar com OAB, monografia e provas finais – termina sendo mais complicado e
corrido para todos os alunos. O ideal é criar a cultura de se preocupar com
isso antes. Você precisa se preocupar com monografia e OAB sempre, não é se
preocupar só quando todo mundo se preocupa, isso é questão de estratégia: desde
o começo do curso com raciocínio estratégico. Você sempre tem que ter em mente
fazer o melhor com menos sempre. Se eu passar na OAB de forma que eu me
estresse menos, é na medida que você se programou e se planejou mais. Não
existe fórmula milagrosa ou misteriosa: só muito esforço e preocupação
antecipada. Existem sempre em todos os cursos preocupações específicas com
correções de provas, metodologias que você não concorda. Mas nunca fui de
questionar com relação a provas... O que deve nos mover é de fato aprender do que
tirar boas notas, aprender, crescer e evoluir.
iD13:
Sabemos que você participou de um intercâmbio.
Conte-nos como foi esta experiência.
A minha experiência de intercambio: no 1º semestre
de 2014 tive a oportunidade de morar 6 meses na Europa, mais especificamente na
cidade de Lisboa, Portugal. Foi sem dúvida uma das melhores e maiores
experiências pessoais e acadêmicas que eu vivi na minha vida. Foi um divisor de
águas. Ninguém volta igual após uma experiência como essa, é uma experiência
muito enriquecedora. Fui com uma mente em que a parte acadêmica me seria tudo
pra mim. Estava muito preocupado com a parte acadêmica: em conseguir o maior
número de contatos acadêmicos, de conseguir o maior número de informações,
conteúdo, de leituras. De fato a parte acadêmica foi muito boa, tive o contato
com grandes nomes do direito constitucional com o professor Jorge Reis Novaes,
na Universidade de Lisboa Clássica (a faculdade que estudei), com o professor
Jorge Miranda que é um grande nome junto com Canotilho que é professor da
Universidade de Coimbra e Jorge Miranda o grande expoente da Universidade de
Lisboa que tem mais ou menos essa rixa aí teórica e acadêmica. Tive a
oportunidade de conhecê-los e estudar os seus ensinamentos, de ter uma relação
acadêmica com ele. Foi uma experiência acadêmica maravilhosa. Mas a experiência
de vida pessoal foi tão ou superior. Nunca tinha morado só, fazer minhas
coisas, arrumar minha casa, cozinhar, conhecer grandes pessoas, fiz grandes
amizades. Tive a sorte de não me relacionar apenas com brasileiros, que estavam
na mesma condição que eu lá. Fiz grandes amizades com portugueses e dois italianos.
Foi uma sinergia muito grande, por que também estudam direito. Meu amigo
português é advogado em Lisboa e está estudando mestrado. Meus dois amigos
italianos um já se formou e estava em Hong Kong trabalhando num escritório
inglês pra vocês verem o nível da globalização, e o outro está terminando o
curso de Direito, estudando numa faculdade italiana, mas foi e estudou na
Universidade de Lisboa e hoje está numa Universidade em Madri e provavelmente
termina o curso esse ano voltando à Itália. Então a Europa você tem a
facilidade de ter vários países perto, você está a 1 hora de avião da maioria
dos países. Você tem facilidade de ter contato com diversas culturas
diferentes, e crescer, evoluir, deixar de ter preconceitos bobos, pensar com
alteridade o olhar sobre o outro e abrir a cabeça. Ter essas boas amizades que
ficaram. Falam o mesmo idioma do direito. Fizemos grandes viagens ao Marrocos,
Inglaterra, conhecemos o Deserto do Saara, Barcelona, Madri, França. Algumas
viagens de carro pelo sul da Espanha toda... Foi uma experiência enriquecedora
tanto do ponto de vista acadêmico, quanto pessoal. Eles produzem direito de alto
nível. Eu brinco com os meus amigos que o curso de direito lá é o curso de
engenharia daqui. O curso de engenharia daqui é um curso muito difícil de
formar. E lá não é fácil tirar boas notas no curso de direito. Pude realmente
viver o cotidiano. Lembro que enfrentei algumas dificuldades por cair de
paraquedas num ordenamento jurídico novo, mas estudei e me esforcei muito
concluindo essa missão com a sensação de dever cumprido. Meus amigos quando
faziam intercâmbio diziam: “vou pagar direito penal, direito constitucional e
direito civil, assim como direito fiscal que é tributário aqui (no Brasil) e
ciências políticas, por que quando eu voltar vou voltar e abater essas
disciplinas do meu curso e não vou atrasar o meu curso da faculdade de
Pernambuco”. Não aconselho. Você deixa de ter contato a outros conteúdos
importantes que vão fazer com que você aumente seu arsenal teórico, que você
abra sua cabeça, só por que você não quer atrasar seu curso. Por exemplo: eu
paguei uma cadeira de direito da União Europeia que eu não poderia abater em
nada aqui por que no Brasil não pagamos cadeira da União Europeia, mas em
compensação o nível de conhecimento e abertura de cabeça que isso me
proporcionou foi grande. Não estava preocupado de voltar e abater cadeiras,
estava preocupado com a experiência. Pude aprender sobre o direito da União
Europeia com europeus que é bem diferente. Foi uma experiência excelente. A
minha professora de direito da União Eupeia era a vice presidente à época do
Tribunal Constitucional Português, o que enriqueceu ainda mais a experiência, a
professora Ana Moura. Foi muito bom!
iD14:
Existe algo que você se arrepende de ter feito, ou
não ter feito, durante a graduação?
Juscelino Kubitschek tem uma frase que ele o
seguinte: “não tinha compromisso com o erro. Então não tem problema nenhum de
dizer que se arrependeu”. Então faço das palavras dele as minhas. Também não
tenho compromisso com erro. Confesso que eu consegui ter uma formação bem
diversificada na graduação: onde estagiei em mais de um escritório, fiz
iniciação cientifica, fiz pesquisa cientifica ainda na graduação, tive a
oportunidade de publicar artigos, publiquei o capítulo de um livro, fui
monitor, e fiz o intercambio. De um modo geral dentro da faculdade pude ter
todas as experiências institucionais que a faculdade poderia me proporcionar.
Sou muito feliz de ter feito tudo isso. É muito mais a felicidade de ter feito
as coisas do que propriamente me orgulhar de ter sido o melhor em alguma delas.
Óbvio que o que eu fiz era com a preocupação de ser o melhor, mas a preocupação
era pautada na expectativa de colocar a mão na massa, de não esperar, de
concretizar, de ter uma formação complexa e concreta. A única coisa que eu
tinha curiosidade e não tive, era estagiar dentro de um órgão público de
preferencia alguma vara dentro da justiça federal ou estadual. Não sei como é
um tipo de estágio como esse. Óbvio que minha carreira desde o início sempre
foi foco advogar no direito privado em direito público de Estados ou de
municípios, então magistratura ou algum outro concurso que não a advocacia não
me chamava muito atenção. Mesmo assim é uma perspectiva que ainda hoje essa
experiência seria interessante, Iria acrescentar ainda mais a polivalência na
grande quantidade de experiências, estagiar numa vara de executiva fiscal,
federal, uma experiência que eu não tive. Não é propriamente um arrependimento
por que foram escolhas que eu fiz. Mas sim uma vontade de ter um pouco de
conhecimento diferente.
iD15:
Qual o conselho que você daria para os que estão
iniciando agora? E para aqueles que estão concluindo?
Tenha vontade. Garra. Força. Foco. Animo. Faça as
coisas com o coração. Tenha paixão. Tenha prazer. Seja bom. Seja puro e faça o
bem. Eu acho que fazer as coisas com muita vontade é o segredo de qualquer
coisa que se seja grandiosa tem que ser primeiramente com o coração, muito
amor, muita garra, muito querer, e também com muito planejamento, esforço. O
conselho é esse: Faça o que vocês gostam, façam bem, e com o coração. Tenham
esse senso de humanidade. Somos todos humanos. Vamos vibrar com a vitória de um
amigo meu. Por essa vitória também é minha. Nós somos a média das pessoas que
convivemos. A vitória de um amigo houve contribuição minha, e a minha vitória
houve a contribuição de um amigo. Se relacionem. O mundo é plural. Boas
amizades dentro da faculdade é muito importante. Se relacione. Seja plural. Faça
as coisas com o coração. Façam boas amizades. Tenha garra, força, foco,
objetivo e corra atrás dos seus sonhos. Sonhe grande. Comece pequeno. E cresça
rápido. Isso é a grande tônica.
Pra quem está no final, se você passou os cinco anos
e não sabe direito o que quer ou o que vai fazer da sua vida não se preocupe: é
normal. Recomeçar é preciso. Sempre há tempo de fazer o seu melhor. Se já
perdeu tempo, não perder mais tempo. Ir devagar pra não correr o risco de ser
afobado. Agir com o coração e fazer o que gosta. Não ter medo. Meus pais dizem
filho, você gosta de estudar e poderia fazer um concurso público e passar. Mas
quando você vive um sonho e acredita nele, quando você tem foco e vive aquilo,
não existe nada maior e nada mais motivador do que isso: você acreditar e viver
o seu sonho. Construir e fazer coisas concretas. Não basta sonhar. É preciso
sonhar e acordar todo dia com a vontade de concretiza-los.
iD16:
Para concluir, deixe-nos com sua avaliação pessoal
sobre a nossa iniciativa de ser criado um blog para esta compartilhar
experiências como a sua e de outros estudantes na área.
Quero
agradecer a iniciativa de vocês, pedir desculpa pela demora e pela forma
fragmentada. Quero compartilhar as minhas dificuldades, o que aconteceu de bom,
o que aconteceu de ruim. Conhecimento retido não é conhecimento, é egoísmo.
Parabenizar o blog. Tem uma qualidade inestimável, apesar de pouco tempo de
vida, mas já se apresenta muito sólido, com conteúdo e organização todos muito
bons. Fico lisonjeado com um convite desses. Entendam que é uma entrevista que em
momento algum eu quis me pressupor diante outros, pelo contrário: fui um
estudante normal com uma sede de aprendizado que todos devem ter. Espero colaborar
e mantermos contato, assim como criarmos uma relação sinergética e forte. Muito
obrigado a todos!
A mensagem do iDIREITO: Nosso muito obrigado João Vinícius pela contribuição e sensatez. Podemos aprender com você e desejamos para você muito sucesso!
PARABÉNS!
Nenhum comentário:
Postar um comentário